Publicado originalmente em http://www.idort.com/lenoticia.php?id=211
Pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Comunicação
Empresarial comprova: as mulheres dominam a área de comunicação, ocupando
75% das vagas. Isso significa que comunicação é assunto de mulher?
Não necessariamente, responde Silvia Dias, diretora da AViV Comunicação. “Porém
atributos ditos femininos, como cuidado, carinho e atenção, favorecem quem
trabalha nesta área”.
RHadar IDORT – Por que há tantas mulheres no mercado de comunicação?
Silvia Dias – Há fatores relacionados às origens e também às características dessa área. Acredito que estas últimas são prevalentes para o atual cenário. A comunicação exige profissionais que se preocupam com detalhes, que dão feedback e que buscam ouvir o que o outro fala. E essas são demandas perfeitamente atendidas por pessoas que levam em conta os fatores emocionais envolvidos em um processo ou relacionamento.
RHI – Isso quer dizer que ser emocional é uma vantagem para trabalhar com comunicação?
SD – É uma vantagem na medida em que favorece o equilíbrio entre razão e emoção. A prevalência tanto de um como de outro extremo é que prejudicam a comunicação – seja das empresas, ou entre pessoas.
RHI – Como a emoção pode agregar valor à comunicação interna?
SD – Comunicação interna é uma atividade complexa, pois ela visa tanto manter o funcionário informado sobre fatos importantes referentes à sua relação com seu empregador, como estimular seu engajamento com a organização - o bom e velho “vestir a camisa”. Essa é uma ferramenta estratégica em casos de crises: a falta de informação oficial é uma verdadeira rodovia expressa para a circulação de boatos! Essa diversidade de metas faz com que algumas situações exijam maior objetividade. Em outras, é preciso deixar o coração falar.
RHI – Onde e como deixar o coração falar na comunicação interna?
SD – Basta pensar na diferença entre um mural simples, de cortiça, e um mural bonito: o quesito estético, que é fortemente emocional, é ainda um dos principais fatores de adesão à leitura do que a empresa posta. A linguagem também faz muita diferença: textos leves, linguagem simples e acessível e bom humor tornam a experiência da informação mais prazerosa. E em todos esses detalhes é possível reforçar os valores intangíveis de uma marca.
RHI – Comunicação é assunto de RH?
SD – Com certeza! Comunicação não é só informação: é criar pontes, estabelecer o diálogo, disseminar valores. Ou seja, ela tangencia a educação corporativa. Frente a um cenário global que exige mudanças para modos de produção e gestão mais sustentáveis, que promovam a preservação ambiental e o maior respeito ao ser humano, a comunicação assume uma função estratégica, pois é da mudança de comportamento e atitude dos funcionários que virão as mudanças que as empresa buscam. Ou seja, quando o RH incorpora a cultura da comunicação, toda a organização se beneficia!
RHI – O que muda na comunicação com a internet e as redes sociais?
SD – Se o público com o qual você se comunica tem bom acesso à internet em ambiente de trabalho, a comunicação virtual acaba sendo prevalente. Mas para quem trabalha em obras, no chão de fábrica ou na rua, o papel ainda é mais importante. Com o crescimento do acesso à internet pelo celular, isso irá mudar. Porém, a empresa precisa ter sensibilidade para fazer conteúdos amigáveis à tela dos smartphones e, principalmente, sem impacto negativo na conta do celular.
RHI – Você acredita que ainda vale a pena investir no jornal da empresa?
SD – Com certeza! Ele alcança não só o funcionário, mas sua família e a comunidade ao redor da empresa. É certo que sua periodicidade dificulta a utilização para todos os comunicados de uma corporação: há muita coisa que exige a agilidade dos meios eletrônicos. Mas para educação, treinamento, fortalecimento de valores e da cultura corporativa, ele tem um enorme potencial.
Silvia Dias - Diretora da AVIV Comunicação