A admirável novo mundo da comunicação


Já que vivemos a Era do Lead, vamos a ele: a comunicação é um requisito para a promoção do desenvolvimento sustentável.  Por que? Porque é o uso planejado e estratégico da comunicação que viabiliza a promoção das mudanças.

Nesse sentido, a comunicação para a sustentabilidade se propõe objetivos ligeiramente diferentes daqueles que pautam a comunicação corporativa tradicional:

· Desenvolvimento de valores (dentro da cultura empresarial);

· Construção de legitimidade social (estabelecendo a coerência entre a ação e o discurso);

· Promoção do diálogo e participação na governança (reforçando a necessidade de ouvir);

· Interlocução qualificada com os diversos públicos (o que pressupõe dar resposta ao que se ouve);

· Disseminação de posturas responsáveis, influência positiva e formação de cidadãos (engrossando o coro dos que acreditam que comunicação é também educação);

· Ação em rede (o meio é a mensagem, lembra?).
Em todos estes tópicos, subjaz a convicção de que o convencimento não se dá mais pela persuasão, mas pela incorporação de valores e sua tradução em atitudes. Um processo de comunicação preciso, consistente e contínuo é capaz de gerar a conscientização, compromisso e ações concretas necessárias para a postura de responsabilização que embasa iniciativas como as Metas do Milênio, Indicadores Ethos ou GRI, apenas para citar dois exemplos de auto-declaração das empresas.

Por este motivo, a estruturação da comunicação para a sustentabilidade também tem diferenças em relação à comunicação corporativa tradicional:

Tradicional
Contemporânea
Vertical
Horizontal
Unidirecional
Rede
Poucas fontes
Muitas fontes
Fácil controle
Difícil controle

Ou seja, quem trabalha com comunicação também está diante de um aprendizado. Não há receita de bolo que diga como fazer. Mas há indicativos do que é necessário fazer:

· Usar a força do comportamento, ao invés do poder.

· Portanto, deixar de apenas difundir (cima para baixo) e fomentar a participação (de baixo para cima).

· Esquecer a necessidade de informação, que está gerando stress em tantas ferramentas (comunicação interna, relações com imprensa) em prol do foco na informação necessária para cada público (exercendo a coragem de selecionar o que é relevante).

· Parar de promover a concentração da mídia e apoiar o processo em curso de democratização do acesso, da produção e da veiculação de conteúdo.

· Sair da zona de conforto da comunicação de massa (broadcast) e se aventurar no maravilhoso mundo da comunicação interpessoal (redes).

· Usar a comunicação como facilitador de relações na migração da setorialização (minha empresa fala de si) para a intersetorialidade (minha empresa, outras empresas, o governo, a sociedade, a imprensa, as ONGs falam de minha empresa).

A comunicação para a sustentabilidade é a comunicação em apoio a mudanças de comportamento, de políticas públicas, estruturais e sustentáveis. Exige uma postura democrática, aberta ao diálogo e flexível nas negociações. Impõe humildade a todos os agentes do processo, pois sua construção é também aprendizado: eu aprendo com você e você comigo. E desta forma, ressignificamos o Admirável Mundo Novo, do Aldous Huxley: ele pode, sim, ser admirável!